quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Nota do Lutas Londrina em apoio à carta aberta ao CASM referente ao “miss moedinha”
               
O Lutas Londrina apoia a iniciativa das acadêmicas do curso de Direito (UEL) que, na sexta-feira última, dia 01/10/2013, divulgaram carta aberta endereçada ao CASM (Centro Acadêmico Sete de Março), a fim de pleitear posicionamento por parte da instituição. A carta revelou a insatisfação de acadêmicas do curso diante da prática do “miss moedinha” durante o trote aplicado aos calouros na instituição, à medida que a prática representa desconforto para algumas calouras e reflete uma estrutura opressora que se esconde nas mais singelas manifestações.
                Em vários comentários abaixo da carta postada no facebook, foi possível notar que o entendimento das acadêmicas autoras da carta acerca do caráter opressor do “miss moedinha” diverge do entendimento  de outros estudantes do curso, tanto mulheres quanto homens.
                Há relatos de tratamentos considerados ofensivos sofridos por homens ao participar do trote, declarações essas que também devem ser discutidas e levadas em conta pelas comissões de trote e veteranos ao realizarem o evento nos anos que se seguem. Entretanto, igualar os abusos sofridos por homens e mulheres em tópico específico significa ignorar as conjunturas desiguais enfrentadas por cada um - equívoco da igualdade meramente formal, como rotineiramente aprendemos em sala de aula. A carta teve seu foco voltado à realidade feminina, visto que esta encontra suas especificidades e história próprias. A emblemática Lei Maria da Penha representou justamente o reconhecimento de tal desigualdade real entre os gêneros por parte do ordenamento. Ignorá-la em qualquer debate significaria reduzi-lo à mera retórica.
                Muitas acadêmicas do Curso de Direito da UEL revelam que discordam do posicionamento das autoras da Carta a respeito do “miss moedinha”,  por terem dado consentimento ao participarem da prática e/ou porque apreciam a brincadeira. Toda e qualquer acadêmica do Direito UEL tem igual legitimidade para se pronunciar a respeito de como se sente diante das dinâmicas do curso. Dessa maneira, tanto as acadêmicas contrárias ao conteúdo da carta quanto as minorais favoráveis devem ser ouvidas.
Vale lembrar que todas as conquistas das mulheres na modernidade, desde o direito de ter acesso a uma instituição de ensino superior - como a Universidade Estadual de Londrina - até a superação da condição de relativamente incapaz, prevista pelo revogado Código Civil de 1916, derivaram de vozes minoritárias. Analogamente, ocorreram e ocorrem conquistas semelhantes com as lutas negra e LGBTTI, por exemplo. As recentes possibilidades do casamento gay e das cotas para negros nas universidades representam historicamente o rompimento com a ideologia hegemônica.

Expostas essas razões, o Lutas Londrina vem por meio desta nota apoiar a iniciativa das acadêmicas em pronunciarem seu posicionamento, acreditando que o dar voz às minorias é um primeiro e fundamental passo para tornar o Curso de Direito da UEL mais igualitário e menos segregador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário